Alguma Outra Coisa

Por que amar pode nos salvar?

31/08/2016 • 0 Comentários

Ontem eu estava desesperançosa. Mas como inconstância é meu segundo nome, hoje estou assim, melosa. É que acordei “com amor”, como diria meu filho mais novo quando, depois de me desobedecer, abraça e diz “mamãe, tô com amor em você”.

Mas hoje não falarei sobre esse meu pequeno e barato sedutor, mas sobre o fato de que me bateu todo esse tal de amor. E acordei com com vontade de disseminá-lo. Tarefa árdua em tempos de crise humanitária, em que se criminaliza opinião, se assassina quem não é da mesma religião e, pior, a pior e mais aterrorizaste situação: aquela em que pais jogam seus próprios filhos pela janela, não num desabafo metafórico, mas no sentido literal, para ver a vida exterminada ali no chão.

Mas, apesar da dor funda e profunda que isso causa nas estranhas entranhas do coração e a sensação de que, ao que tudo indica, a humanidade não deu certo, o texto não é sobre terror, mas amor.

E como falar sobre ele sem cair na vala comum do tanto que já se falou? Como dissemina-lo sem se valer daquelas frases prontas, impressas em perfeitas e frias imagens, de gente bonita sorrindo feliz ou de bucólicas paisagens?

Como falar do amor real, esse que a gente sente por quem está aqui do lado, o tal ente amado?

Talvez abordando que esse tal de amor é, mesmo, um sujeito engraçado. Porque ele nunca vem sozinho, mas acompanhado. É que, de repente, todo o amor que a gente sente parece que escorre pelo ralo e, quando menos se pressente, ele se transfigura em um ódio que nos faz cerrar o dente e magoar, justamente, quem mais precisamos para seguir em frente, sem o qual ficamos doente.

É… esse tal de amor é mesmo um sujeito incoerente.

Deveria ser tão simples. Afinal, amar não é tão trivial? Ah! Mas não se engane. Porque esse sentimento todo amoroso é também vaidoso. E basta ser contrariado que entra em chamas e, ao invés de acolher, compreender, só faz sofrer. E, quando poderíamos resolver a situação, amando, estragamos tudo, magoando.

Outra coisa interessante sobre esse tal amor e suas variante é quando o outro tenta limita-lo, por exemplo, dizendo para tomar cuidado senão o filho fica mimado. E aí eu lhe digo: meu amigo, você não sabe o caos, emocional e cognitivo, que é um coração mau amado. E como achar o equilíbrio é tarefa das mais árduas, entre a falta e o excesso, tenho certeza, absoluta, que este faz muito menos estrago. Afinal, como li outro dia em algum lugar por aí, ninguém vai encontrar, em uma penitenciária, algum sujeito que se desvirtuou por excesso de carinho de quem o amou.

É bem verdade que parte do mundo, na Síria, na Turquia, na nossa periferia, na casa do vizinho aí do lado ou mesmo aqui, no nosso próprio quadrado, insiste em querer destruir nossa sociedade e o tanto que já foi  tão arduamente conquistado.

Mas como hoje acordei com amor e com a sensação de que é a única coisa que pode nos salvar do terror, por favor, não me leve a mal se deu essa vontade de disseminar na rede social essa reflexão talvez um tanto quanto emocional e, quiçá, motivacional. Paciência… não faz mal… Porque o que o faz mesmo é querer limitar, sufocar, abafar, menosprezar e, pior, ridicularizar o que temos de melhor: a capacidade de amar e dar amor.

Por isso peço, imploro, clamo e proclamo: melhoremos, amemos, ilimitadamente, por favor.

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Patrícia
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