Eneagrama

Como o Eneagrama funciona na prática?

13/01/2021 • 0 Comentários

O Eneagrama é um mapa. Ou melhor, dois. Um sobre nossa personalidade (ou ego). E um sobre nossa Essência, que é quem genuinamente somos, em nosso corpo bio-psico-espiritual.  

Como um mapa, se quero utilizá-lo e seguir seus trajetos devo, primeiro, conhecer meu ponto de partida que, no Eneagrama, será o meu tipo padrão de personalidade (“eneatipo”).  E essa descoberta é minha e só minha. É direito meu. Ou seja, ninguém que me conhece ou conhece o Eneagrama deve ou deveria dar pitacos nesse processo, dizendo qual acha que é meu tipo. Isso porque isso pode me sugestionar, tirando de mim o direito de vivenciar e experienciar essa primeira etapa do meu processo de autoconhecimento. Além disso, o que define meu tipo não são meus comportamentos externos (que os outros enxergam) mas as minhas motivações e buscas internas (que só eu conheço). 

Na prática, darei esse primeiro passo fazendo um teste, que vai me dar uma orientação inicial. Ou seja, ele jamais será definitivo, mas indicativo. Assim, com o resultado em mãos passo para o segundo movimento que é investigar, no geral, os três primeiros números que aparecem nesse resultado, já que, muito provavelmente, meu tipo estará entre eles. Diz-se provavelmente porque nada sobre o Eneagrama é definitivo, certeza, absoluto. Tudo são possibilidades, tendências, probabilidades. 

Depois dessa investigação saberei onde estou nesse mapa.

Assim, conhecendo meu ponto de partida passarei a conhecer, reconhecer e identificar as características padrões dessa personalidade. Aqui vou conhecer os meus mecanismos de defesa, os meus padrões emocionais (vícios emocionais), os meus padrões mentais (fixações mentais, ou seja, ideias que insisto em ruminar na mente).

Acontece que usar o Eneagrama apenas para conhecer minha personalidade é raso, superficial e prejudicial. Isso porque, o objetivo de se utilizar o Eneagrama de forma séria, profunda e (a depender da disponibilidade de cada um) transformadora não é o desenvolvimento do ego, mas justamente o contrário: saber que sou muito mais do que ele. Porque, conforme Domingos Cunha, TENHO um ego mas SOU Essência. E ela está aqui dentro de mim, pronta para se reconectar e me mostrar que meu centro emocional não é feito só de vícios, mas de virtudes; que meu centro mental não é preenchido só por fixações e crenças limitantes, mas por ideias superiores. Aliás, o Eneagrama não diz qual é a minha Essência, mas apenas me relembra dela porque, no fundo, e porque está aqui no fundo profundo do seu SER, eu a conheço.

E para que isso tudo aconteça efetivamente na prática, na “vida real” e cotidiana, e não apenas em elaborações mentais que não trazem autodesenvolvimento, precisarei me valer do segundo mapa: o da alma. É a partir dele e pela minha espiritualidade (que não tem nada a ver com religião, mas, em linhas gerais, com o sentido que dou à vida, com a percepção que tenho sobre algo muito maior que, por vezes, a minha lógica racional não compreende) que passarei a fazer movimentos conscientes para depois de reconhecer e me identificar com meu ego, passar a me desidentificar (porque agora sei que sou mais do que isso).

Aqui começam minhas ações efetivas, diárias, nas mais simples ou complexas situações para exercitar a desconstrução de meus mecanismos de defesa, de meu vício emocional e de minhas fixações mentais. E é dentro desse processo, dessa construção diária que me acompanhará para o resto da vida, que passarei a abrir espaço para as virtudes do meu coração e as ideias superiores de minha mente conectada à minha Essência. 

Portanto, é isso e para isso que servirá esses mapas: para me guiar. 

Mas, como um singelo mapa que só mostra o caminho, caberá a mim decidir percorrê-lo. E é preciso ter a consciência que não será fácil. Porque esse mapa me mostrará o caminho de luz mas sem atalhos que me façam desviar de sombras. Porque não há caminho de evolução, de desidentificação do ego sem que eu seja obrigada a encarar-las, sem que eu seja obrigada a olhar minha criança ferida (aquela de nossa infância, que passou pelo o que passamos), sem que eu pare de culpar o mundo e a minha história de vida, sem que eu passe a assumir a autorresponsabilidade no sentido de que caberá a mim e a nenhum salvador externo, mestre ou guru me salvar de mim mesma, ou melhor, dos mecanismos e estratégias que meu ego criou para me proteger.  

Isso não significa que deixarei minha  personalidade (meu ego), mas que aprenderei, dia a dia, a utiliza-la da melhor maneira possível para mim e, consequentemente, para o mundo. Porque, afinal, o Eneagrama serve para sermos Seres melhores, para nós e para todos, para tudo, para todo o mundo.

Patrícia
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