O Mundo

Por que temos, sim, que falar sobre isso?

17/05/2016 • 0 Comentários

Ok. A notícia já não é nova. Já se falou, se bradou, se polemizou e se calou. Ou se tentou abafar e calar.

Tentou-se dizer que competência não tem gênero, que para ser bom basta sê-lo, independente de se usar cueca ou calcinha e que estamos fazendo mimimi, coisa típica de mulherzinha.

Então… Talvez aí é que more a questão… E daí porque vale a reflexão sobre essa mania que temos de nos acostumar com a situação: a de ter sempre mais homem na direção. A de fazermos primeiro a refeição e deixar para a funcionária o resto do feijão. A de separar o que o funcionário pode comer e o que é só do patrão. A de achar que o sujeito da pele morena tem cara de ladrão. A de achar que gay até pode ter seus direitos mas nem pense em ficar aqui do meu lado, nessa pegação. A de defender que, claro que todo mundo é livre para ser e fazer o que quiser mas, ali no fundo, entorta o nariz para o vizinho que vive “fora do padrão”. A de achar que ainda há um só padrão.

E assim vamos vivendo a vida, buscando o pão nosso de cada dia, achando que estamos livres de preconceito e machismo e sexismo e, no primeiro momento em que se distrai… Bingo! Vem um pensamento que nos trai.

Daí porque, caríssimo amigo, essa coisa de ficar reclamando que tem gente que parece que só gosta mesmo de mulher recatada e guardada dentro do lar não é coisa de mulher histérica que só quer amolar. Mas coisa de gente que cansou de se acostumar com o que está fora do lugar e parece que não está.

Porque se quisermos nos distanciar do bicho que éramos ali nas cavernas para chegar mais próximo do ser humano que queremos ser nas próximas eras, é bom abrir os olhos e ficar atento: nem tudo o que reluz é ouro, nem todo mundo é tolo, mas achar que tudo é normal e trivial pode esconder um grande mal.

Porque se, no geral, eu sou legal, às vezes a inércia de se continuar a fazer tudo o que sempre foi feito, mantendo cada coisa em seu devido lugar, pode ser, justamente, o que nos impede de seguir em frente para um futuro em que gente seja tratada dignamente.

Porque tão perigoso quanto o mal escancarado, pode ser o preconceito negado e velado, que deixa a gente assim, parado. Acostumado.

Mexamo-nos. Percebamos. Falemos. Melhoremos.

por_que_precisamos_falar_sobre_isso

Patrícia
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