Pais e Mães e Filhos

Por que é possível sobreviver às férias escolares?

06/07/2016 • 0 Comentários

Da série confissões, vai mais uma: eu não tenho jeito para crianças pequenas, daquelas que não são tão novas quanto os bebês e nem tão velhas quanto as grandes. Daquelas que já falam (e bem), mas não o suficiente para desenvolver uma boa conversa e uma negociação racional quando algo não lhe convém. Daquelas que, nessa situação, a da frustração, suas melhores armas são o chão e seu corpo jogado sobre ele, bem temperado por gritos, berros e urros como se não houvesse amanhã. Vulga manha.

Engraçado que eu tinha jeito com bebê. Não que tenha sido fácil. Não foi. Mas até que eu tinha jeito ou era mais conformada ou mais preparada.

Acredito que também tenho jeito com adolescente. É que eu gosto dessa idade pré gente grande em que se acha que já o é. Mas ainda não sou mãe de um, apesar de, em vários momentos, ter a certeza de que já tenho um pequeno exemplar de 6 anos de idade em casa.

Fato é que ser mãe de pequeninos entre 2 e 4 anos ou, agora, entre 4 e 6, revirou aquela minha percepção de que eu daria conta. Olha… de coração aberto eu lhe conto: tem muita hora que não dou, não.

É que gosto de conversar e falar e raciocinar conjuntamente, mas percebi que a lógica infantil nem sempre acompanha minha mente. E é aí que muitas vezes me perco nessa minha pequena gente, que não é mais bebê, nem adolescente, mas que sente e quer escolher, sem muitas vezes compreender ou querer saber que nem sempre é possível se ter o que se quer.

E então veio o começo das férias e a aquela certeza Maysa de que meu mundo caiu, ou vai cair, implodir na rotina maçante de ter em casa, sem intervalo, dois lindos, amados, queridos e enérgicos menininhos que passarão o dia entre o pequeno sossego de alguns minutos de joguinho no iPAD e o grande tédio de não se saber o que fazer com tanto tempo livre.

Mas se foi um susto e uma frustração quando descobri que teria mesmo de aprender a lidar com crianças pequenas, vejo-me novamente surpreendida: ao que tudo indica essas férias devem ser muito melhores do que aquela suposta tragédia pressentida.

É verdade que ainda é cedo para falar. Aliás, já me arrependi de começar a escrever sobre isso… vai que dá azar. Mas como comecei, vou finalizar.

É que esses dois pequenos, lindos e maravilhosos menininhos, a quem meu marido chama, delicada e carinhosamente de selvagens, estão ensinando que já adquiriram um pouco de maturidade, e são capazes de passar horas a fio em um lindo, delicioso e proveitoso estágio auto-brincante. É impressionante!

E logo cedo (porque aqui em casa há anos não se tem mais o luxo de acordar tarde) já se resolvem nos desenhos do Netflix (a melhor criação para quem cria, depois da chupeta), nas criações do lego, nas artes plásticas e seus maravilhosos desenhos abstratos, nas fantásticas histórias do pai e filho que vão desbravar o grande mar entre os móveis da sala de estar, nas tragédias do amigo que está quase morrendo mas tem um médico para lhe salvar, na incontável elaboração de cenários e enredos advindos dessa fonte inesgotável que frutifica da imaginação.

É claro que nem tudo são flores e, em alguns momentos, os espinhos mostram suas garras. Mas tem sido raro aquele segundo em que dá vontade de colocá-los na privada e mandá-los ao ralo. Ao contrário, essas férias começaram brotando no peito aquela paixão adormecida pela maçante rotina. Aquele amor pastelão que faz a gente parar o que está fazendo não porque um mamanhêeee nos interrompeu, mas porque deu vontade de ficar apreciando e babando a cria que cresceu e aprendeu. E não é que dá mesmo vontade de sentar e brincar ali com eles no chão?!

Então, no balanço geral, venho, incrivelmente, passando os dias conseguindo cumprir a carga horária de estudos para a prova da Defensoria, acompanhar alguns processos ainda de minha autoria, escrever alguma bobagem na rede social. Tudo regado à surpresa de descobrir quem seria, para tudo isso, a melhor companhia: minha própria cria!

Mas como estamos apenas no começo, que se perdure pelos próximos 25 dias essa alegria da casa quase tranquila. Rezemos, oremos, supliquemos, com esperança, para que nessas férias aproveitemos para que, se for para enlouquecer, que seja de amor e paixão por essas difíceis, incríveis, encantadoras, trabalhosas e maravilhosas pequenas crianças.

por_que_podemos_sobreviver_as_ferias_escolares

Patrícia
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