A amiga de um filho só acha isso uma loucura. Se com um já é assim, imagine dois. É verdade. Mais ou menos. No começo é aquela conta inexata. São, praticamente, dois bebês de idades distintas.
Às vezes acho que gêmeos daria menos trabalho. Quase morre-se de uma só vez e, depois, vai melhorando.
Com dois que não têm a mesma idade, primeiro morre-se uma vez. Quando se começa a ressuscitar, morre-se novamente e com requintes de crueldade. Porque, na verdade, sequer se pode ter a dignidade de morrer em paz, já que, depois que o pequeno para de gritar de cólica e dorme, tem ali o outro, clamando por atenção.
Mas como tudo, passa. E quando você acha que não vai mais dar conta dessa contabilidade maluca, a coisa começa a melhorar. É que os dois filhos começam a virar irmãos.
Antes eles eram irmãos só para você e quase inimigos mortais para eles próprios. Ok. Acho que exagerei. Mas pense você ali tranquila em casa. Chega o maridão com uma linda moça (mais nova). Ele beija a interrogação em sua testa e explica. Venha conhecer, querida, a minha esposa mais nova. Mas não se preocupe, ela não tomará o seu lugar. Meu amor é grande o suficiente para as duas. Veja a enrascada em que se mete o até-então-filho-rei-supremo.
Mas o choque inicial da perda desse reinado passa, e o filho mais velho vai vendo ali, no inimigo, um grande aliado. Não que acabem as batalhas. Elas continuam. Às vezes mais, às vezes menos. Mas no final, quem vence a guerra são eles mesmos. E, pasme, você! É que brincar com irmão é muito mais gostoso do que com a mãe, que não enxerga a caverna, nas almofadas; o mar de tubarões, no tapete; e o labirinto misterioso, nas cadeiras.
E vou lhe contar mais um bônus que vem com o segundo: ele lhe deixa mais leve, mais calma, mais solta.
E tem mais um brinde: se o pai não colocou muito a mão na massa no primeiro, não vai escapar com o segundo. E isso é bom? Opa! Muito! Você para de dizer que ele não faz nada. Ele para de reclamar que você não tem mais tempo para ele e para nada. É que ele também não vai mais ter. E o que parecia quase perdido é socorrido e equilibra-se.
E, para não ter dúvida se vai querer mesmo mais um filho, vem a super oferta do dia: leve 2 e pague menos. Menos expectativa em cima do primeiro, que acabou virando o centro absoluto de sua vida, sobre o qual você deposita todos os seus sonhos, desejos, e possibilidades.
É, amiga de um filho só, é bom dividir esse peso. Você vai ver que fica tudo mais leve.
E nessa conta de 1 mais 1 não ser 2, concluo que 1 é bom e 2, dá um trabalho do cão, mas é melhor. Três, então, deve ser a perfeição. Mas, segundo meu marido, se entrar mais alguém em casa, outrem vai ter que sair.
Melhor não arriscar…
Não me convenceu nem por um segundo!
Justo! Em se tratando de filhos, só a cada um é dado saber o que lhe é possível fazer, quanto lhe é cabível e desejável ter, como lhe é compreendido o que é certo ou errado. Aliás, em termos de filhos, ando cada vez mais duvidando das afirmações veementes acerca do que se diz ser certo ou errado.
Parabéns ! Sucesso ! Merda!
Kkk! Obrigada!! Obrigada!!!