Pais e Mães e Filhos

Por que irmãos brigam?

26/03/2016 • 0 Comentários

Tem dia que eles acordam se amando.
É final de semana, então, podem ficar ali entre bonecos, dinossauros e desenhos, à vontade.
Enquanto isso, no quarto ao lado, papai e mamãe conseguem dormir até um pouco mais tarde.
A paz reina e o amor impera.
Estão juntos, conversam, riem. Ao menor sinal de desentendimento, o ouvido da mãe atento, pressente, lá vem briga. Mas não. Alguém cedeu. E o conflito iminente se esvai como vento.
Nesse dia eles se bastam, não precisam de mais ninguém.
A mãe consegue trabalhar, ler, estudar, escrever. Amém.

Tem dia que eles acordam se estranhando.
Ao ligar a TV, o desenho que um quer, o outro não quer ver. Conflito.
Tentam os bonecos. A variedade é enorme. Mas dentre tantas opções, os dois vão querer o mesmo super-homem. Conflito.
É dia de separar a brincadeira. Cada um em seu canto do ringue, digo, sala, até que se acalmem os ânimos.
Mas a saudade bate primeiro em um que logo já quer brincar com o outro, que ainda quer ficar sozinho. Conflito.
Aquele que queria brincar junto chora. A mãe ajuda a achar outra coisa para ele fazer. Achou. Acalmou.
Lá se vão cinco minutos e aquele que não queria saber do irmão, sente solidão e o chama para brincar. Não. Agora é a vez do rejeitado não querer saber do outro. Conflito.
Nesse dia nada engata.
A mãe, coitada, desesperada e descabelada. Certeza que não vai aguentar. Quer fugir, quer sair. Quer fazer como a mãe do chupim que larga o ovo no ninho alheio para a tico-tico assumir.

Tem dia que eles acordam na dúvida. Não sabem se se amam ou se odeiam. Ou sabem por alguns minutos e logo esquecem. E o dia segue passional. Entre carrinhos e caminhões, carinhos e arranhões, dinossauros e dragões, turbilhões de emoções. Tapas e beijos. Amores e terrores. Paz e caos se intercalam em pequenos intervalos.
A mãe não sabe se ri ou se chora. Se agradece a paz ou se por ela implora. Silêncio, acha que agora vai, abre o computador. Cinco minutos e lá vem o chororô. Mais cinco e o pequeno acalmou. Mais dez e o mais velho gritou. Mais vinte e o fogo passou. A brincadeira engatou. Não se iluda que em segundos o conflito recomeçou.

E entre dias de amor, de terror, de irmãos grudados, de um para cada lado a mãe não duvida: se dois filhos é trabalho em triplo, irmãos pequenos é o tal amor infinito, com algumas pitadas de ódio momentâneo que explode em um segundo e no outro submerge para algum subterrâneo profundo.

E já que andamos em tempos estranhos, nos quais uma singela exposição de opinião afasta quase definitivamente até o irmão, nunca é demais aprender com quem, apesar da tenra idade ainda não conhece a vaidade e logo esquece a discussão e parte para a diversão, porque preferem ser felizes a terem razão.

Irmãos. Amor que não se mede, pequeno ódio que na próxima brincadeira já se perde. Aprendemos. Convivemos. Toleremos.

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Imagem: revistacrescer.globo.com

Patrícia
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