Pais e Mães e Filhos

As delícias e os delírios de nosso melhor ofício

06/05/2016 • 0 Comentários

Sabe um daqueles dias chatos de trabalho? Aquele lá em que você passou inteiro no escritório? Chato. Muito chato. O dia inteiro. Pesado. Difícil. Trabalhoso. Penoso.

Mas o expediente, cedo ou tarde, acaba. Nem que seja de madrugada. O trabalho termina. Você fecha a porta de sua sala e, com você mesma, combina: vai deixar lá dentro a chatice que foi o dia de ofício. Fim.

Agora, volte três casas para entender o mote da reflexão:

Sabe um daqueles dias chatos de trabalho? Aquele lá em que você passou inteiro no escritório? Chato. Muito chato. O dia inteiro. Pesado. Difícil. Trabalhoso. Penoso.

Mas você não pode sair. O expediente não acaba. Nem de madrugada. Ali no escritório você trabalha, dorme e acorda. É a sua morada. Não tem horário de saída, não tem horário de chegada.

E nem sonhe que essa carreira será devidamente valorizada. Ao contrário, será bem vigiada, fiscalizada e, na primeira escorregada, sua falha lhe será bem apontada. Você é diariamente julgada.

Mas apesar dos ônus dessa suposta ingrata profissão, fato é que você será eternamente grata por exercê-la. Contudo, todavia, entretanto… inevitavelmente, haverá aquele dia em que desejará esquecê-la e dará saudade da época de quando nem passava pela cabeça tê-la. E vai sentir culpa se, por um segundo que logo passa, não mais querê-la.

E como a parte incrível e maravilhosa dessa jornada é sempre bem contada, precisamos falar sobre aquela outra, difícil, muitas vezes velada ou calada: pois é justamente por darmos o sangue, a carne, a alma e o sono para desempenhar da melhor maneira nossa labuta, é que podemos desabafar e confessar em alto e bom som que tem hora que dá vontade de xingar o filho da (censurado) que acha que a nossa vida é sempre uma propaganda de margarina.

Não é não, meu amigo. Tem hora que o queremos mesmo é fugir. Sumir. Sair dali. Porque tem dia que é chato, muito chato, extremamente chato. Uma rotina maçante e massacraste. Quase delirante.

Pior é que quem de fora ouve nosso desabafo pensa que só uma louca para encarar tal profissão, ou que não temos coração, por falar assim, abertamente, sobre a parte que é aflição. Mas, então, confessemos também o segredo da razão pela qual a gente não larga ela, não: É que no fundo profundo do peito e da alma, esse vitalício ofício é nosso melhor vício, sem o qual não mais respiramos e, diariamente, para que dele nunca separemos, oramos.

E como todos os dias são nossos, mas domingo é aquele em que os outros lembram bem isso, que se enalteça a parte maravilhosa que ninguém duvida. Mas que, também, não se esqueça que valorização, compreensão e acolhimento podem ser nossos melhores presentes. E, claro, nos celebrem! Sem dúvida, assim, a parte pesada, aquela lá escondida, fica muito mais leve.

Porque ser mãe é nosso melhor, mais grato, mais amado, mais incondicional, mais sensacional, mais intenso, mais tenso, mais delicioso, mais penoso, mais difícil, mais sensível e mais incrível papel.

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Patrícia
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