Pais e Mães e Filhos

A Tal da Manha

12/01/2016 • 0 Comentários

Ela não tem filho mas a certeza de que, se tivesse, ele não faria isso. Tem que dar um jeito na criança aí debatendo-se no chão. É falta de limite ou de tapa.

É, minha amiga sem filho, não é legal ver a criança fazer isso. E você não imagina a vergonha que sentimos quando ela é nossa. E dá culpa e vontade de saber onde foi que erramos.

E veja, a gente põe limite, dá castigo, tira direito e, às vezes, um tapa (não conte para ninguém). E ainda assim esses serzinhos fofos de repente se transformam em pequenos ditadores. Lançam-nos as mãos e o que tiver nelas na tentativa de impor suas vontades a qualquer custo, doa a quem doer, esteja onde for.

É que esses pequenos adoráveis são um perigo! Eles te enchem de amor, de alegria mas às vezes (depende do dia e do humor da mãe), fazem seu mundo desabar. Você quer chorar, sumir e até coisas piores que só os devaneios desesperados de quem passa, conhece. Mas passa. Não se assuste. E tem dia que é só amor. Dia que é terror e, em vários dias, os dois.

E aí vem a atriz dizer que seu melhor papel é ser mãe. Aí tem a propaganda de margarina, com a aquela mãe serena. E de repente, dá vontade de mandar a atriz para a casa do (censurado) e o publicitário para a casa da mãe que o pariu, que certamente se lembra que educá-lo não foi nenhuma propaganda de margarina.

É incrível, é a benção e a gente não se arrepende. Mas é difícil.

E aí lembramos que antes deles também tínhamos essa sua certeza de que os nossos não fariam isso. Mas vou te contar o que ninguém conta: é só na hora que os temos que sabemos que não sabíamos de nada. Que todas as receitas nos servem para muito pouco. Que os ingredientes não cabem na nossa panelinha mas em um enorme tubo de ensaio onde só as nossas colheres poderão testar e provar e errar e testar outra vez. E de tanto tentar e tirar dali e acolá a gente acerta, muitas vezes. E erra, tantas outras.

E é por isso que você vê aquela criancinha ali, fofa, jogar-se no chão urrando como se não houvesse amanhã para ter o que lhe foi negado hoje.

Por favor, não a odeie. Ela só está testando.
Por favor, não nos odeie. Nós só estamos incansavelmente tentando.

 

A_tal_da_manha

(Imagem: adeledoula.blogspot.com)

Patrícia
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