Era uma vez um menino confiante e abundante. É que ele sabia que tudo o que precisasse estaria sempre à disposição, fosse algo material ou algo vindo do coração.
Mas um dia alguém que ele amava muito lhe negou afeto, tato, contato. E ele sentiu que não era mais visto, que era insignificante, um nada.
A partir de então fechou o coração, para não mais sentir qualquer emoção. E aí ele estabeleceu que somente sua razão é que definiria sua vida e lhe daria direção.
Um dia ele ficou cansado do isolamento. Não aquentava mais a neurose que lhe consumia, achando que as pessoas que dele se aproximassem estagnariam a sua escassa energia. Cansou da ilusão que era achar que sua segurança estava em alimentar a mente com tanto conhecimento e informação, fugindo de estabelecer com as pessoas, uma genuína conexão.
E no meio de sua escuridão ele viu uma luz. Parecia um Anjo. Ele achou interessante e chegou perto. Era uma criança cheia de confiança e de amor para sentir e compartilhar. E mesmo sabendo o tanto de insegurança e distanciamento que o menino, agora crescido, demonstrava, aquela criança só enxergava um coração sedento por ser invadido por afeto, emoções, relações.
E, assim, o menino-moço despertou da escuridão, saiu do turbilhão que era a ditadura da mente lógica e sua razão e se permitiu se reencontrar com ele mesmo, sua Essência. Essa que sabe abrir o coração sem medo de ser sugado e machucado, porque sente o quanto ali dentro tem de energia, de tempo, de amor e de alegria para partilhar, porque o Universo é abundante e nada vai lhe faltar.
Fim.