Era uma vez uma menina que sabia se cuidar. É que ela sentia ali no seu coração tudo o que precisava para se acolher e, depois de se preencher de si, ir lá para o mundo se doar.
Mas um dia ela pediu para alguém lhe ajudar e recebeu um não. E sentiu a dor amarga da rejeição. Pior. A humilhação.
A partir de então jurou para si que nunca mais pediria nada a ninguém. Ao contrário, ela passaria a entender tudo aquilo que qualquer ser precisaria, antes mesmo dele saber. E aí ela estava lá, sempre e antecipadamente, pronta para atender.
Um dia ela ficou cansada. Porque sem perceber ela tinha feito tanta doação, tanta concessão, tanta repressão daquilo que ela realmente queria que não sobrou mais nada no seu coração. Só o vazio e o desespero para encontrar alguém que pudesse lhe dar aquilo que ela tanto doou para fora sem deixar um bom tanto dele no seu interior: amor.
E no meio de sua escuridão ela viu uma luz. Parecia um Anjo. Ela achou curioso e chegou perto. Era uma criança doce, serena e segura de si. E mesmo sabendo o tanto de orgulho que a menina, agora crescida, demonstrava em não pedir ou aceitar ajuda, aquela criança só enxergava um amor infinito e incondicional que emanava de seu gigante coração.
E, assim, a menina-moça despertou da escuridão, aceitou aquela ajuda, aquela mão, dissipou toda a energia que a fazia viver no medo da rejeição, da solidão e da humilhação e se permitiu se reencontrar com ela mesmo, sua Essência. Essa que sente o amor que brota de seu coração, e sabe que ele é tão infinito que ela pode se amar, se atender e se doar, incondicionalmente, sem esperar nada em troca, porque esse amor, que vem do seu interior, nunca lhe faltará. Fim.