É o amor. Pura e simplesmente.
Essa energia que emana naturalmente da gente habitante de um planeta que denominamos, curiosamente, Terra.
Curioso porque se aquele que o batizou tivesse seguido o coração e não a razão teria, via observação, escolhido o óbvio nome Água. Elemento esse que, justamente, na simbologia, representa emoção.
E entre razão e emoção, a opção de nosso padrinho revela muito essa mania de autopreservação, que esconde nossa verdadeira essência (que todos, TODOS, possuem, sem exceção): a capacidade pura, plena, sem limite, sem pudor, de sentir e emanar amor.
E essa energia que nos sai e nos entra sem qualquer controle, planilha ou planejamento, não está sob condição alguma. Se está é qualquer outro sentir: fome, desejo, vontade, fantasia, o que se quiser imaginar, menos amar.
Como assim? Você está querendo dizer que qualquer amor é necessariamente incondicional? E os filhos, não é deles esse amor unicamente especial?
Então… senta aqui irmão e vamos para a reflexão:
Aqui, na certeza absoluta e inabalável do coração, sem qualquer comprovação científica mas sensorial e empírica, conto-lhes que amor é essa energia que chega sem pedir licença, sem planejar, sem avisar. Chega, se instala e quando não entala e a deixamos extravasar vai como uma onda sonora ou as ondulações da pedra jogada ao lago, e flui para atingir quem permitirmos colocar dentro de nossa circunferência de amar. E aqui entra quem e o que se quiser deixar: uma pessoa, uma relação, um lugar, uma árvore, um pássaro, o luar…
Mas dependendo da situação e do momento do coração, o amor aponta em uma direção e vai em linha reta sem pestanejar. Atinge o alvo e o amar transcende a circunferência básica e alcança a mira com a intensidade que se desejar. Basta comparar, apenas a título de ilustração, porque o coração e sua capacidade de amar e emanar não têm comparação. É única em cada singular direção.
Todavia, para fins didáticos, pensando no amor que se direciona ao filho, vem a sensação de que esse, sim, é sem igual e, portanto, incondicional. Concordo que é provável, para quem procriou, não sentir nenhum outro amor tão singular quanto aquele direcionado à cria, mas isso não significa que só ele é incondicional. Porque este não é um adjetivo do amor, mas apenas seu elemento inseparável, sem o qual não se tem amar.
E o que nos confunde é que esse amor ao filho é, por vezes, único, porque cria uma conexão inabalável, inseparável. Enquanto outros direcionamentos de amor podem ter suas conexões interrompidas por inúmeras circunstâncias da vida: uma decepção, uma frustração, por proteção ou seja lá o que o coração entender que seja razão para romper a relação. Ou não! Porque sim, o amor, dependendo de como vem sua construção, seja para filho, amigo, parceiro, marido, pode transcender a racionalidade para ingressar em um estado de atemporalidade.
De qualquer forma, independente de ser eterno ou só enquanto dure, condicionar um amar a alguma situação, a algum fazer, ou ser ou ter é incompatível com essa energia poderosa, transformadora, renovadora e curadora.
Sinto lhe dizer, sem pudor, que se não for incondicional, é qualquer outra coisa bela que possamos sentir ou emanar, menos amor.
Simples assim. Fim.